A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, através de sua Presidência,
acompanhou perplexa, no apagar das luzes do ano de 2021, a aprovação na Câmara de Deputados
do requerimento nº 5.358/16, que assinala como urgente a apreciação do Projeto de Lei 442/91.
Esse nefasto ato acelerou o caminho para regulamentar, logo nas primeiras sessões do ano 2022, a
exploração de jogos de azar no país. Nesse período os parlamentares ainda estarão deliberando de
maneira virtual, o que na prática limita o debate, camufla as posições e facilita as artimanhas
regimentais. Diante desse lamentável fato, a CNBB reitera a sua inegociável posição contra a
legalização dos jogos de azar no Brasil.
Os argumentos de que esta liberação aumentará a arrecadação de impostos, favorecerá a
criação de postos de trabalho e contribuirá para tirar o Brasil da atual crise econômica, seguem a
repudiante tese de que os fins justificam os meios. Esses falsos argumentos não consideram a
possibilidade de associação dos jogos de azar com a lavagem de dinheiro e o crime organizado.
Diversas instituições de Estado têm alertado que os cassinos podem facilmente transformar-se em
instrumentos para que recursos provenientes de atividades criminosas assumam o aspecto de lucros
e receitas legítimas.
Cabe-nos, por razões éticas e evangélicas, alertar que o jogo de azar traz consigo irreparáveis
prejuízos morais, sociais e, particularmente, familiares. Além disso, o jogo compulsivo é
considerado uma patologia no Código Internacional de Doenças da Organização Mundial de
Saúde. O sistema altamente lucrativo dos jogos de azar tem sua face mais perversa na pessoa que
sofre dessa compulsão. Por motivos patológicos, esta pessoa acaba por desprezar a própria vida,
desperdiçar seus bens e de seus familiares, destruindo assim sua família. Enquanto isso, as
organizações que têm o jogo como negócio prosperam e seus proprietários se tornam cada vez
mais ricos. A autorização do jogo não o tornará bom e honesto. Nosso país não precisa disso!
A CNBB conclama o Congresso Nacional a rejeitar este projeto e qualquer outra iniciativa
que pretenda regularizar os jogos de azar no Brasil. O voto favorável ao jogo será, na prática, um
voto de desprezo pela vida, pela família e seus valores fundamentais. Particularmente neste ano
eleitoral, a CNBB assume o compromisso de acompanhar atentamente essa tramitação e divulgar
amplamente o nome dos parlamentares que escolherem deixar suas digitais nessa delituosa afronta
ao povo brasileiro.
Inspirados pela voz profética de Maria, Mãe de Jesus, Nossa Senhora Aparecida, e sob sua
proteção, se continuará a labuta da construção do Brasil justo, honesto e honrado!
Fonte CNBB
Foto Diocese São João Del Rei